Enquanto Igreja podemos oferecer quatro significativas experiências, capazes de despertar nos jovens o autêntico sentido de Igreja e o vivo desejo de seguir Jesus Cristo. Vamos conhecer e refletir sobre cada uma delas.
Acolhida: temos dificuldades em acolher as pessoas em geral. Não estamos acostumados a praticar a acolhida. Precisamos (re)aprender a arte de receber bem. Nossos ambientes de Igreja ainda conservam muita sisudez e frieza. O fato de termos sido por séculos a “religião da maioria” nos acomodou na falsa segurança de que, com ou sem acolhida, sempre as pessoas viriam até nossas igrejas. Vivemos, porém, num novo contexto onde o bom atendimento se tornou um critério de escolha e de pertença para tudo, até para a adesão a uma religião. Hoje as pessoas ficam onde se sentem bem acolhidas. A ausência do serviço da acolhida é uma lacuna gritante no cotidiano de nossas comunidades. Os jovens costumam ser aqueles que mais demandam esse acolhimento amigável. Por isso, a acolhida prestada aos jovens sob a forma de valorização de sua presença na Igreja, de encontros e celebrações voltados para o público juvenil, proximidade afetiva e efetiva é o primeiro serviço que podemos lhes proporcionar.
Experiência de Deus: é o que de mais precioso podemos oferecer aos jovens. Trata-se de proporcionar a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo mediante a espiritualidade, a liturgia da Igreja, a vida cristã em comunidade. É o que temos de mais específico para partilhar com a juventude. Os retiros, experiências de oração, iniciação à leitura orante da Bíblia e ao mundo da liturgia abrem diante dos jovens o fascinante horizonte da espiritualidade cristã. Uma espiritualidade sadia humaniza, gera comunhão fraterna, confere sentido à vida. São valores e experiências que os jovens, geralmente em vão, têm buscado em muitos lugares e que a Igreja lhes pode oferecer generosamente desde que se mobilize e se organize para tal.
Formação humana e cristã: uma formação no sentido mais amplo possível, que abranja valores humanos e sociais, mas não se esqueça da necessária formação religiosa como uma autêntica educação na fé. O desconhecimento das verdades básicas da nossa fé é uma triste realidade que revela a ruptura no processo de transmissão da fé e as lacunas notáveis do caminho catequético. Por sua vez, os jovens católicos estão expostos aos questionamentos do mundo secularizado (sobretudo através da escola e dos meios de comunicação social) e das variadas denominações religiosas nem sempre marcadas pelo trato respeitoso com a Igreja Católica. A fragilidade das convicções religiosas da juventude bordeja perigosamente o risco de perda da fé e da relativização da vida eclesial. Nesse sentido, uma boa formação religiosa é indispensável. Uma formação que leve em conta esse contexto adverso presente no cotidiano das cidades, escolas e universidades.
Engajamento social e missionário: inegavelmente a juventude é o período das grandes generosidades e idealismos, e por isso mesmo, dos grandes engajamentos. Engajamentos capazes de marcar profundamente e dar rumos vocacionais para toda a vida. A Igreja possui um rico e variado elenco de atividades sociais e missionárias que podem servir de referências para os trabalhos pastorais que envolvam a participação dos jovens de nossas comunidades. O engajamento social e missionário, quando bem orientado, consolida e
amadurece a experiência de fé e oferece oportunidades concretas de praticar os carismas de serviço. Temos desperdiçado essa impressionante energia de renovação e transformação por não acreditar nos jovens e não lhes dar verdadeiras oportunidades de ação. Daí o apelo do Papa Francisco, na Exortação Apostólica Christus vivit (Cristo vive) por um verdadeiro protagonismo dos jovens na Igreja e na sociedade.
Para refletir:
1- Como nossas comunidades eclesiais têm oferecido essas quatro experiências fundamentais (acolhida, experiência de Deus, formação e engajamemto) aos nossos jovens?
2- O que podemos fazer, aproveitando o contexto favorável desse ano cuja prioridade pastoral é a juventude, para oferecer essas experiências
Pe. Luiz Antônio Reis Costa – Assessor eclesiástico da RCC – Arquidiocese de Mariana
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